Especialistas alertam: cuidados com a saúde mental dos idosos evitam outras doenças
Com o isolamento social, idosos estão mais sujeitos à ansiedade e estresse. Conforto de profissionais e familiares podem amenizar os danos à saúde.
O isolamento ocasionado pelo coronavírus (COVID-19) está trazendo um alerta para famílias que têm idosos vivendo sozinhos em casa: o reflexo da saúde mental na saúde física. Profissionais da área de saúde que atuam no cuidado destes pacientes relatam o desenvolvimento de doenças que comprometem a saúde mental e podem afetar o restante do organismo, acarretando em um cenário favorável para o adoecimento físico. “Pessoas que enfrentam quadros de estresse, ansiedade e depressão são afetadas. Elas podem apresentar uma redução da imunidade, maior suscetibilidade de infecções, não só do covid-19, mas pneumonias e infecções urinárias que são mais frequentes em idosos”, considera o geriatra Kleber Xavier.
A psicóloga Regina Celebrone, doutora em Distúrbios da Comunicação que atende idosos há quase duas décadas, destaca a importância do afastamento dos corpos para evitar o contágio, mas da aproximação emocional para preservar a saúde física e psicológica. Para ela, as redes de apoio são fundamentais durante o distanciamento social. “A qualidade de pensamentos, de emoções e afetos atingem diretamente o corpo. A saúde mental está ligada ao biopsicossocial. Neste momento, como os relacionamentos sociais estão tolhidos, cerceados, isso vai interferir na qualidade psicológica e física”, explica Regina.
ATENÇÃO E CUIDADOS – Os familiares dos idosos podem contribuir muito para amenizar os riscos de desenvolvimento de doenças durante a pandemia. Conversas interessantes sobre histórias antigas e inclusão em atividades interativas são exemplos de acolhimento.
Para o geriatra, os idosos que estão vivendo o isolamento acompanhados têm apresentado uma resposta melhor aos desafios do que aqueles que estão completamente sozinhos. “A gente observa que idosos que estão em quarentena com outros idosos, casais, familiares e Casas de Repouso, têm estímulos para contato, estão produzindo e tendo algum tipo de resposta na questão psicossocial”, explica Kleber.
ALTERNATIVA QUE FAZ BEM – Para familiares que não podem estar perto dos idosos constantemente, as casas de hospedagem são uma boa opção. Muitas delas adaptaram o atendimento para proteger os seus hóspedes da contaminação contra o COVID, mas intensificaram as atividades sociais, físicas e a interatividade com amigos e familiares. “Beijos e abraços foram suspensos temporariamente, mas incluímos chamadas de vídeo e áudio diária com os para que eles possam ver e ouvir mães e avós que estão hospedadas conosco”, afirma a fundadora da Solary, Roberta Bombonatto.
Ela conta ainda que o espaço está promovendo visitas pelo portão de entrada, onde a família vê a idosa com distância de três metros. “Nossas cuidadoras acompanham esse momento e garantem a proteção de todos. Também aumentamos as opções de atividades diárias para estimular e garantir a saúde física e mental das nossas moradoras”, pontua.
CUIDADOS ESPECIALIZADOS – Atividades físicas também fazem parte do cotidiano das idosas que participam de aulas de dança, música e fazem fisioterapia. “A interação aumenta para espantar a ansiedade, estresse, tristeza e sentimento de abandono. Doenças oportunistas podem ser geradas com idosos fragilizados. Nosso papel é fortalecê-las com cuidados, carinho e atenção”, destaca Jane Mendes, responsável técnica da Solary. No local, a convivência com pessoas da mesma idade e o acompanhamento integral de profissionais especializados são essenciais para o enfrentamento deste momento. A rotina das moradoras inclui uma série de atividades, como rodas de conversa, jogos de memória, bingos e dominós, e momentos de religiosidade para fortalecer a espiritualidade.
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